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quinta-feira, 16 de abril de 2020

QUEM SABE SE

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Quem sabe se padecer a compasso
já não passa de simples concessão
ou se serve a mais sádica sanção
cerrada sob o sal do que não traço

Quem sabe se decidir cada passo
ao ceder a tal censura ou pressão
é salsa de sucinta sensação
ou seda no semi-som do regaço

Quem cerzir uma tão tensa canseira
soletra por ser incerto cessar
mas sobra como massa na masseira

na sumição de nunca sossegar
p'ra selar a sensual dor terceira
sentença remissiva por sanar


MANUEL BRAGANÇA DOS SANTOS




quinta-feira, 9 de abril de 2020

DEIXA - ME VER QUEM ÉS

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Deixa-me ver quem és se és capaz
mas define melhor teus sentimentos
pois não sendo tu nunca quem te apraz
serás sempre o tal muro dos lamentos

Ergue-te no destino mais sagaz
aceso na recusa de tormentos
afasta-te da mancha mais falaz
do fado de tolher os pensamentos

Renovar nas palavras os sentidos
sabidos não pensados do desejo
será ganhar os sonhos que compus

Reformular os actos já cindidos
virtual idioma que almejo
é conduzir o mito que nos luz.


MANUEL BRAGANÇA DOS SANTOS

quarta-feira, 1 de abril de 2020

SOBRE O NOVO CORONA - VÍRUS

Pede-me o meu irmão Manuel, que escreve com o pseudónimo de Humberto Maranduva, no Blogue Angulus Ridet, que lhe publique este texto, esperando uma mais ampla divulgação (segundo ele).
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Num momento tão sensível e ambíguo como o actual (Primavera de 2020), em que um vírus invisível (novo Corona-vírus) ameaça a sobrevivência da espécie humana, a nível planetário, não pode haver lugar ao desdobramento das subjectividades tão típicas da diversidade conceptual cultivada pelos indivíduos ou grupos; às suas idealizações narcisistas, egocêntricas ou auto-eróticas; às interpretações divergentes; ao individualismo; às acções isoladas; ao erguer patético de uma Babel dessignificada.

Se o valor da Vida não for tido em conta como o primeiro e o mais importante, então, toda a saga civilizacional, ainda que considerando todas as suas oscilações mais ou menos demenciais, terá chegado ao seu ponto de oclusão. No âmbito  realista da interpretação do Mundo, tal como ele se nos apresenta, devemos tentar compreender, aceitar, apoiar e validar o esforço hercúleo da Ciência médica e social, no sentido da tentativa de percepção, interiorização, harmonização, correcção e inversão deste surpreendente ataque à manutenção da Vida.

Sob o ponto de vista da investigação teórica e da sua consequente metodologia programática e pragmática, o paradigma deve assentar na arquitectura da racionalidade científica, através da convalidação do empirismo evolutivo (método científico), isto é, sempre ancorado em resultados práticos verificáveis. Estes, contudo, devem afirmar-se por meio de modelos analíticos, qualitativa e quantitativamente aceites, capazes de satisfazer os valores da Vida social saudável e as necessidades legítimas do colectivo.

Neste quadro, têm de ficar fora de questão os conflitos sociais, a subjectividade, particular ou grupal, a ambição, a ganância e as tensões de poder, para que sejam possíveis a ordem, a uniformização dos valores fundamentais (universais) e a reposição das condições de manutenção de Vida. Sendo assim, o foco é apenas um, precisamente porque, tanto serve ao indivíduo em particular, como à Sociedade em geral.

Como escreveu Emmanuel  Lévinas (1980), estamos primordialmente vinculados ao Outro, mesmo que essa experiência tenha ocorrido para uma consciência pré-reflexiva. Este elo ao Outro é estrutural e estruturante para o sujeito; matar o Outro é cometer suicídio. Continua, afinal, a estar tudo nas mãos do Homem!

HUMBERTO MARANDUVA