Pede-me o meu irmão Manuel, que escreve com o pseudónimo de Humberto Maranduva, no Blogue Angulus Ridet, que lhe publique este texto, esperando uma mais ampla divulgação (segundo ele).
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Num momento tão sensível e ambíguo como o actual (Primavera de 2020), em que um vírus invisível (novo Corona-vírus) ameaça a sobrevivência da espécie humana, a nível planetário, não pode haver lugar ao desdobramento das subjectividades tão típicas da diversidade conceptual cultivada pelos indivíduos ou grupos; às suas idealizações narcisistas, egocêntricas ou auto-eróticas; às interpretações divergentes; ao individualismo; às acções isoladas; ao erguer patético de uma Babel dessignificada.
Se o valor da Vida não for tido em conta como o primeiro e o mais importante, então, toda a saga civilizacional, ainda que considerando todas as suas oscilações mais ou menos demenciais, terá chegado ao seu ponto de oclusão. No âmbito realista da interpretação do Mundo, tal como ele se nos apresenta, devemos tentar compreender, aceitar, apoiar e validar o esforço hercúleo da Ciência médica e social, no sentido da tentativa de percepção, interiorização, harmonização, correcção e inversão deste surpreendente ataque à manutenção da Vida.
Sob o ponto de vista da investigação teórica e da sua consequente metodologia programática e pragmática, o paradigma deve assentar na arquitectura da racionalidade científica, através da convalidação do empirismo evolutivo (método científico), isto é, sempre ancorado em resultados práticos verificáveis. Estes, contudo, devem afirmar-se por meio de modelos analíticos, qualitativa e quantitativamente aceites, capazes de satisfazer os valores da Vida social saudável e as necessidades legítimas do colectivo.
Neste quadro, têm de ficar fora de questão os conflitos sociais, a subjectividade, particular ou grupal, a ambição, a ganância e as tensões de poder, para que sejam possíveis a ordem, a uniformização dos valores fundamentais (universais) e a reposição das condições de manutenção de Vida. Sendo assim, o foco é apenas um, precisamente porque, tanto serve ao indivíduo em particular, como à Sociedade em geral.
Como escreveu Emmanuel Lévinas (1980), estamos primordialmente vinculados ao Outro, mesmo que essa experiência tenha ocorrido para uma consciência pré-reflexiva. Este elo ao Outro é estrutural e estruturante para o sujeito; matar o Outro é cometer suicídio. Continua, afinal, a estar tudo nas mãos do Homem!
HUMBERTO MARANDUVA