Seguidores

segunda-feira, 20 de julho de 2020

PANDEMIA

O país parou.
Crianças e jovens ficaram retidos em casa, para se protegerem do temível vírus.
Os professores, zelosos, enviavam emails com marcações de trabalhos a serem feitos pelos alunos ou com auxílio dos familiares. A docente de Língua Portuguesa de uma aluna do 5º ano de escolaridade pediu o seguinte: «Redige um texto em verso, sobre os tempos que estamos a viver, a tua experiência, os teus sentimentos, os teus medos, os teus sonhos e a tua experiência na escola à distância.»
E a menina escreveu assim, não deixando que ninguém alterasse  nenhum termo, para que a professora soubesse que, de facto, era ela a autora.

Imagem do Google
Corria o mês de fevereiro
E olha o que aconteceu:
Trabalhou muito o coveiro,
Porque o Covid apareceu.

Senti enorme estranheza,
Tudo mudou em redor,
Como se estivesse presa
E o tempo fosse maior.

Convivo com a família,
Todo o dia reunida,
Mas tomo um bom chá de tília,
P'ra uma noite bem dormida.

Não ponho o meu pé na rua,
P'ra não ser contagiada,
Minha mão não anda nua,
E não toca mesmo em nada.

Gostava de ver o fim
Desta louca pandemia,
A mãe abraçar-se a mim,
De manhã ao fim do dia.

Inovador é o ensino
Com as aulas à distância,
Mas às vezes desatino
E agradeço a tolerância.

Saudades a toda a hora
Das aulas que antes tinha
Ó Covid, vai-te embora,
P'ra eu voltar à vida minha.

MARIA PINHEIRO - abril de 2020